O reflexo da riqueza: entre o ter e o ser na era digital
Em uma época onde a informação é abundante e o conhecimento está ao alcance de todos, é paradoxal que muitos de nós escolhamos ignorar as vastas bibliotecas digitais disponíveis, preferindo deslizar pelas redes sociais em busca de entretenimento efêmero. A sensação é de que estamos oferecendo pérolas aos porcos, desperdiçando oportunidades de enriquecimento intelectual em favor de uma vida forjada e superficial, onde pessoas de conhecimento raso tentam nos vender suas “sabedorias” a preços exorbitantes.
O dinheiro, nesse contexto, parece perder seu valor, jogado fora tanto pelos que buscam quanto pelos que oferecem esses conteúdos vazios. A exceção fica por conta de poucos que, mesmo entre os novos ricos, conseguem discernir o verdadeiro valor das coisas, evitando gastar suas fortunas em futilidades. No entanto, a regra geral é a dissipação de recursos em trivialidades, um reflexo da futilidade que define essa era.
A exclusividade sempre teve seu apelo, e a ostentação é uma tradição que se perpetua através das gerações. Os clubes privados de outrora encontraram seu equivalente na era digital, com ‘country clubs virtuais’ que oferecem um selo de prestígio para aqueles dispostos a pagar milhares de dólares em taxas de inscrição e manutenção. Esses espaços são a nova fronteira da distinção social, onde a bonança é medida não apenas pelo que se tem, mas principalmente pelo que se pode excluir.
A sociedade parece ter aceitado o esbanjamento como uma norma, uma tendência que transcende meios e plataformas. A frase “Nós não temos problemas em esbanjar” tornou-se um mantra para justificar o exibicionismo financeiro, considerado por alguns como um comportamento ‘saudável’. No entanto, essa normalização da ostentação ignora as implicações morais e sociais de tal atitude.
A riqueza e a exclusividade não são novidades, mas a era digital proporcionou uma visibilidade sem precedentes aos ricos do momento. Os grupos privativos, antes restritos a círculos fechados, agora brilham na vitrine online, atraindo olhares e despertando desejos. No entanto, a divulgação em massa dos excessos traz consigo uma série de problemas, especialmente para os jovens que ainda estão formando sua identidade e valores. A influência dessas imagens de opulência pode ser devastadora, levando a questões de autoestima e pressão social.
Por fim, é essencial reconhecer que a vida, em sua essência, transcende qualquer valor monetário. A saúde emocional, frequentemente negligenciada pelos abastados, é um tesouro que não conhece o brilho do ouro. A prevalência de depressão, vícios e suicídios entre os ricos é um testemunho sombrio da desconexão entre ter e ser. Possuir pode ser satisfatório, mas ser é transcendental. A busca por significado e propósito é o que verdadeiramente enriquece a alma humana.
Sexta-feira abençoada e até amanhã!
Cindy Ferreira - viveReal