
Quanto vale a sua paz?
Essa foi a pergunta que me fiz há cerca de sete anos. Desde então, reflito diariamente sobre a busca por um estado de tranquilidade, de harmonia e de ausência — ausência de excessos, ruídos, obrigações vazias. Um equilíbrio que começa dentro de mim e transforma minha relação comigo mesma, com Deus e com quem escolhi ter por perto.
Calma, hoje não vou falar da minha predileção pela solitude, do meu retiro voluntário no que chamo de “minha arca” — meu lar — nem de como os momentos a sós fortalecem o autoconhecimento, trazem paz mental e até melhoram os laços com os outros. Porque quem está bem consigo escolhe melhor com quem dividir a vida.
Esse papo fica para outro dia. Hoje, quero falar sobre o que vem depois dessa escolha. Sobre a liberdade de decidir como viver, apesar de tudo. Foi parando que aprendi a observar melhor a vida — e assim, vivê-la melhor. Melhor para mim.
Egoísmo? Pode ser. Mas prefiro chamar de resultado: cinquenta anos de estrada, muita bagagem e poucas conquistas, contra pouco mais de sete anos de reencontro com o amor próprio e um aprendizado que não para de crescer.
Foi só quando deixei de me moldar pelas opiniões alheias que comecei, de fato, a enxergar quem sou — e, mais importante, a gostar do que vejo.
Não sou gata, mas já nasci três vezes: no ventre da minha mãe, depois de um coma, e quando decidi fazer do meu lar o meu mundo. Um mundo onde penso o que quero, falo o que penso, escolho o que como, o que assisto, o que leio. Um mundo onde oro com liberdade — sem doutrinas, só conversas sinceras com Deus.
E sabe de uma coisa? Nas poucas vezes em que saio — no real ou no digital — só reforço a certeza de que fiz as escolhas certas.
Outro dia, chamei uma amiga para almoçar. Enquanto escorria o feijão que deixei de molho por horas, ela me perguntou:
— Nossa, você não vai colocar na panela de pressão?
— Não, não tenho panela de pressão.
Ela arregalou os olhos:
— Como assim? Você tem medo?
— Medo, não. Só não tenho dinheiro para pagar o absurdo que cobram por uma panela compatível com fogão de indução. Mas se quiser me dar uma de presente, aceito.
Ela sorriu e mudou de assunto.
Agora imagine quando dou uma opinião nas redes sociais. Preciso vestir armaduras — Ariana, verdadeira, afiada. Sou o terror da geração Nutella. Especialmente dos que nem são Nutella de verdade, porque nasceram antes dela existir.
Sim, às vezes sinto que nado contra a maré. Mas quer saber? Não me importo. As águas para onde nado são mais limpas, menos cheias — e nelas, só permanece quem tem força.
E você, em que águas vem nadando?
Amanhã, a conversa é outra: vamos falar de água, saúde física, energia e os hábitos que moldam o nosso corpo desde cedo.
Bom restinho de dia e até amanhã.
Cindy Ferreira | viveReal