Finanças Pessoais

A dificuldade de gerenciar a economia pessoal afeta diretamente a saúde emocional e prejudica o relacionamento familiar e profissional. A mudança do comportamento em relação ao dinheiro melhora a qualidade da vida financeira. Equilíbrio Financeiro é autocontrole, prudência e administração dos recursos que estão à disposição. Uma vida financeira equilibrada proporciona satisfação no presente e gera a estabilidade de um futuro tranquilo.

O trabalho é uma forma de ganhar dinheiro, mas não é o único responsável pelo seu sucesso financeiro. Ganhar dinheiro é o começo, a primeira fase, mas não é o suficiente para ter uma boa vida financeira. É preciso ligar o hábito de ganhar dinheiro com o hábito de administrá-lo. Juntos, esses dois hábitos criam o movimento necessário para que o dinheiro trabalhe para você. Administrar o dinheiro é a ponte que liga tudo, é o centro e o principal hábito. Investir é o hábito que confirmará o seu sucesso financeiro. A maneira como você gasta seu salário diz muito a seu respeito.

Para administrar bem é preciso ter um controle, algo prático que possa traduzir os valores, o que cada informação quer dizer. Você deve relacionar todos os seus ganhos e despesas, e essa tarefa deve ser feita com toda a família, uma reunião mensal onde todos participam e conferem as receitas e as despesas. Não existe desculpa para não fazer o Planejamento Financeiro Familiar. A maioria dos brasileiros não têm nenhum controle, e a desculpa é sempre a mesma, não gosto, não sei lidar com planilha, não encontrei nenhum software, ninguém me ajuda. O P.F.F. pode ser feito em um caderno, basta ter vontade, reunir a família uma vez por mês e determinar quem faz o quê. Um deve arquivar os documentos, notas fiscais, extratos, outro pode escrever ou preencher a planilha no computador, os demais devem questionar e contribuir para redução e ou corte de despesas. Todos devem participar e falar sua opinião, lembrando que é para contribuir e não somente reclamar, pensem em como realizar seus sonhos, suas metas, seus objetivos financeiros. Na ponta do lápis, escreva tudo, não se esqueça de separar suas despesas por categoria.

Se as receitas são menores que as despesas, você está endividado.
Se as receitas são iguais às despesas, seu futuro é incerto.
Se as receitas são maiores que as despesas, mantenha o Equilíbrio Financeiro, invista bem e aproveite a vida.

Observe o resultado do seu planejamento, esse mapa diz tudo sobre como você conduz sua vida financeira. É como sair em uma viagem sem conferir o marcador de combustível, ele avisa se você está com o tanque cheio ou na reserva, informação essencial para fazer a viagem.

Na vida financeira, também precisamos de um “Marcador de Saldo Financeiro”, ele avisa se estamos poupando ou estamos no vermelho. É comum as pessoas dizerem que o dinheiro acaba muito antes do fim do mês. Se você não quiser ficar no meio da estrada, não deixe o combustível acabar. Faça o Planejamento Financeiro Familiar, anote todas as receitas e todas as despesas, assim você saberá se estará sobrando ou faltando. Com esse mapa financeiro da sua vida, você traçará a sua rota, saberá o quanto poderá gastar e até onde vai chegar.

Não é o quanto se ganha, mas como se gasta! Existem três tipos de “motoristas”: O que gasta mais do que ganha e está sempre endividado, seu veículo vive quebrando, dando manutenção todo mês, pagando juros para bancos e financeiras. Esse não chegará a lugar nenhum! Outro motorista é o que gasta tudo o que ganha, esse vai levando a vida. Quem olha para ele acha que ele dirige bem, tem uma boa vida, o que ele não sabe é que “O futuro é o lugar onde viveremos o resto de nossas vidas”. Quem gasta tudo o que ganha, não poupa. Não tem combustível de reserva, e a boa vida será coisa do passado! Existe também o motorista prudente, ele gasta menos do que ganha, e mês a mês vai poupando, investindo. Esse dirige muito bem, sabe onde quer chegar. Sua viagem é tranquila e seu marcador de combustível aponta tanque cheio!

Após fazer o planejamento financeiro familiar, classifique suas despesas, se ela é: Despesa boa, Despesa ruim ou Despesa oculta. Adoto essa metodologia, pois acredito que nossa mente trabalha melhor com esses termos do que com despesas fixas, despesas variáveis, despesas necessárias ou despesas esporádicas. As “Despesas Boas” produzem um sentimento de gasto necessário, nos dão satisfação, e são também passíveis de redução. Exemplo: Água, energia elétrica, compras de supermercado, lazer, educação, outras. Já clubes ou academias não frequentados, juros ou multas (por atrasos de pagamento), são despesas ruins. Quando entendemos que uma despesa é ruim, fica mais fácil de tomar uma decisão, o mais plausível é cortá-la do Planejamento Financeiro Familiar. Configuram-se como Despesas Ocultas as multas de trânsito, doenças, convite para casamentos, aniversários, etc. Note que o “oculto” gera uma informação desagradável, algo que pode acontecer a qualquer momento e comprometer o Planejamento Financeiro Familiar.

A melhor alternativa é a prevenção. Tenha uma reserva financeira para esses gastos ocultos. Para se obter melhor controle, o importante é sintonizar toda família com os gastos. Reúna sua família e decidam juntos o que pode ser reduzido, cortado e prevenido. Façam isso como um time, onde todos jogam pensando em alcançar o mesmo objetivo, a vitória!

Como estamos falando sobre a administração dos recursos, conforme explicado anteriormente, é importante que você perceba que se todos esses passos forem colocados em prática, logo descobrirá o que significa ganhar dinheiro administrando receitas e despesas.

TRABALHO = gera dinheiro, recursos financeiros.
ADMINISTRAÇÃO = gastar com sabedoria, evita desperdício.
INVESTIR = é fazer o dinheiro render juros, trabalhar para você.

Outro ponto importante na administração de recursos é o investimento. Caso acelere e crie uma condição para investir, você poderá aumentar as suas receitas. Lembro-me que minha esposa e eu sonhávamos em ter uma casa na praia, mas isso não estava em nossos planos financeiros. A alternativa encontrada foi fazermos um “extra”. Achamos uma oportunidade de trabalho à noite, e assim começamos a formar uma poupança para esse empreendimento. Depois de um tempo, conseguimos guardar o salário dela. Com o dinheiro do serviço extra, compramos o terreno. Nos próximos anos, começamos a construir, e depois de três anos, fomos veranear em nossa casa na praia. Conheço outros exemplos de pessoas que começaram a fazer um serviço extra para ajudar nas finanças da família. O esforço deu tão certo, que o “bico” virou um negócio, essas pessoas deixaram o emprego e se tornaram empreendedoras. Alguns fizeram sacrifícios (cortar despesas, reduzir, prevenir, fazer um trabalho extra) e assim conseguiram sair do aluguel e conquistaram uma aposentadoria digna.

É interessante como nosso corpo reage aos estímulos associando-os, por exemplo, a frustração de perder dinheiro. Ela é processada na mesma área cerebral da dor física. É muito comum hoje, devido às muitas facilidades de crédito, estarmos em uma posição de perda de dinheiro, pois pagar juros ou estar endividado é perder dinheiro. A ansiedade estanca o prazer de viver, fomenta a irritabilidade, estimula a angústia e gera um universo de doenças psicossomáticas, tais como: Tensão emocional, aperto no tórax, cefaleia, dores musculares, fadiga excessiva, sono perturbado e transtornos alimentares. Esse é um alerta, é preciso comprometimento para se adquirir uma vida equilibrada.
Com o intuito de nos advertir das armadilhas que podem nos sobrevir devido ao mau uso do dinheiro, até a Bíblia nos alerta. “Muitos estão sendo dominados pelo dinheiro ao invés de dominá-lo”.

Como sua família é o seu time, de nada adianta a esposa ser econômica e o marido não, o marido ser econômico e a esposa não, ou até o marido e esposa serem econômicos e os filhos não. Falo em economia, pois qualquer planejamento financeiro só afundará se um dos jogadores do time começar a fazer gol contra. A excelência é para fazer bem-feito, não apenas um mês, mas ter um controle anual. Fazer, escrever, controlar, refazer, adaptar, um trabalho contínuo. Superação, fazer sacrifícios, não é fácil cortar ou reduzir despesas, isso envolve um acordo em família. Mas como é necessário, cada um deverá abrir mão de alguma coisa em prol do time, somente assim as conquistas aparecerão.

Caro leitor, cuidado! Não existe sorte ou “lei da atração”. Você pode ficar mentalizando ou dormindo com uma foto de um carrão, colocar em todas as paredes de seu quarto fotos de castelos e, no máximo, o que você vai conseguir é sonhar com tudo isso. Para quem acredita em sorte, eu explico que a sorte é uma fórmula simples: SORTE = TRABALHO + OPORTUNIDADE

Se você trabalhar em busca de um objetivo, de um resultado, vai precisar apenas de uma oportunidade. Digamos que você deseja uma promoção, não faz nada de diferente do que fez nos últimos anos e aparece uma oportunidade de Gerente. O salário é melhor, os benefícios são melhores e as exigências também. Seu nome é cogitado para a vaga, porém é “barrado”, pois nos últimos anos não se especializou, não é bem-quisto pelo grupo, não fala outro idioma. Nesses anos, não fez absolutamente nada que o destacasse positivamente. Você vai dizer que não teve sorte? Mentira! Faltou trabalho.

Gastar menos do que ganha, não lhe permitirá uma vida financeira equilibrada. Aprenda outra importante lição: “Sem sacrifícios, não existem vitórias”. Todas as pessoas bem-sucedidas, tiveram momentos ruins, de decisão, de sacrifícios. Por isso, não pense que apenas ler alguns livros, adquirir conhecimento, gastar menos do que ganha, fará de você um vencedor. Sinto muito em dizer, mas você vai precisar se esforçar um pouco mais.

O primeiro passo foi o de trabalhar para ganhar dinheiro e o segundo passo foi o de administrar o dinheiro desde a origem (receita) até o destino (despesas), e assim trabalhar para gastar com sabedoria. O terceiro passo é o de investir. É preciso investir, pois somente assim, você conseguirá fazer com que o dinheiro trabalhe para você.


Altemir Farinhas
Palestrante
Especialista em Finanças Comportamentais