O porquê dessa necessidade extrema?
Hoje vou tocar em um assunto delicado e complexo. A necessidade que algumas pessoas têm de "endeusar" outras.
Espalhados aos quatro cantos, estão aqueles que “amam” artistas com os quais não têm nenhuma intimidade, muito menos motivos para amar.
Ontem, depois do jogo do Brasil, eu parei para observar as diferentes demonstrações de "sentimentos" e fiquei me perguntando de onde vêm essas emoções desenfreadas.
Até compreendo que quando criança e adolescente, a necessidade de liberdade e autonomia até faça com que sonhemos ter uma liberdade que não temos, talvez sonharmos em sermos livres de imposições que familiares e a sociedade nos apresentam.
Agora fazer isso após adultos, acho algo meio doentio.
Quem me conhece de perto e são poucas essas pessoas, sabem que a minha vida não é mamão com açúcar, mas apesar dos trancos e barrancos, eu não acho que difira da vida de qualquer astro de Hollywood.
Eu digo isso porque eu só encontro um motivo para que as pessoas possam "endeusar" outras. A fuga da realidade como uma tentativa de amenizar frustrações, ou seja, diante de algo que não gostamos, ou não nos satisfaz, que nos machuca, procuramos algo que, apesar de ilusório, nos tire a dor. Uma verdadeira batalha entre a realidade e o que sonham!!
Nada além de um processo que visa diminuir uma angústia.
Essa relação intocável que existe entre o público e os "artistas" parece ultrapassar o tempo; mudam os ídolos, muda o público, mas essa relação estranha continua a mesma e provavelmente nunca mude.
Confesso que essa não é a primeira vez que eu me questiono o porquê eu não sigo esse fluxo. Porque eu admiro mais as histórias reais.
Estamos rodeados de enredos fantásticos sem holofotes, sem plateia.
Temos pessoas fantásticas do nosso lado e na maioria das vezes sequer as cumprimentamos.
Pior, tudo que é hoje interpretado por esses "deuses" são oriundos da vida REAL. Tem até uma frase que é usada sobre isso: "a vida imita a arte", quando para mim a frase deveria ser: "a arte imita a vida".
Mas não, percebo o crescer maior dessa manada, que passa como elefantes por cima do que é de fato belo.
Redes em plena avalanche para construção de novos ídolos, cheios de lama ou repletos da fragilidade de um papel machê.
Me desculpem, mas eu vou continuar seguindo no acostamento, nadando contra a maré até o fim dos meus dias.
Vim para esse mundo com um papel escrito por DEUS e não haverá necessidade alguma dele ser reescrito ou interpretado por quem quer que seja. Apenas vivido por mim mesma.
Talvez seja por isso que autobiografias sejam as minhas leituras preferidas.
Bom final de semana.
Cindy Ferreira
Direção viveReal