
Não Tenho Nada e Não Espero Nada. Só liberdade!
Definitivamente, não há bem maior do que a liberdade. Se tenho um medo na vida, é o de perder minha liberdade. Essa é a conquista pela qual sempre lutei, muitas vezes até de maneira inconsciente.
Desde cedo, fui aquela que desafiava as regras. Quando era proibida de sair, encontrava formas de dar uma escapadinha. No colégio religioso, mudava detalhes do uniforme sempre que podia. Fiquei noiva aos quinze anos. Mais tarde, aos vinte e poucos, fui promovida a gerente, mas abandonei tudo simplesmente porque não queria conviver com a noiva do chefe, que era insuportável. E assim foi, em inúmeras outras situações ao longo da vida.
Sempre fui como um passarinho solto, que escolheu voar livremente, mesmo sabendo que as chances de queda ou pouso forçado eram evidentes. Talvez por isso eu esteja quase sempre sozinha. Às vezes, até tento me encaixar em uma tribo, mas essa vontade desaparece no exato momento em que percebo que algo não vai funcionar.
Quantas vezes já ouvi a frase: "Ninguém nasceu para viver só." Será mesmo? Na minha visão, a grande verdade é que todos nós, em algum nível, vivemos sozinhos. É assim que chegamos ao mundo e é assim que voltaremos à casa do Pai.
Ainda carrego na memória um poema que marcou minha adolescência, parte de um dos livros escolares que li. Nunca esqueci seus versos:
"O pardalzinho nasceu livre. Quebraram-lhe a asa. Sasha deu-lhe uma casa, água, comida e carinho. Foram cuidados em vão. A casa era uma prisão. O pardalzinho morreu. No jardim, o corpo Sasha enterrou. A alma, essa, voou para o céu dos passarinhos."
Esta semana, reencontrei um amigo da juventude. Hoje, somos quase dois "sessentões". Ele foi casado por mais de 30 anos e agora está se redescobrindo. Começou a cuidar melhor de si, perdeu peso, está com o amor-próprio lá no alto e entusiasmado com a ideia de finalmente morar sozinho. Quer um lar só dele, com a sua cara, onde possa usufruir da liberdade que conquistou depois de tanto viver pelos outros — pais, irmãos, marido, amigos. Sempre vinha depois de todos.
Os pais e um dos irmãos já voltaram à casa do Pai. Os outros seguem suas vidas em cidades diferentes, e ele está preparando o terreno para criar um espaço só seu, onde finalmente será protagonista.
É lindo ver o entusiasmo dele ao abraçar esse novo momento. Para mim, é a prova definitiva de que ter liberdade é ter vida. Sou testemunha disso e torço para que ele alcance tudo o que deseja.
Embora sejamos muito diferentes, com interesses distintos, sempre respeitamos um ao outro. Como ele diz, podemos ficar vinte anos sem nos ver, mas nos trataremos exatamente como fazíamos na juventude. Lembro com carinho de uma viagem de formatura que fizemos, quando descemos para Balneário Camboriú, ainda sem a fama que tem hoje. Foi memorável.
Penso que nossa amizade seguirá assim até sermos bem velhinhos. Que Deus permita, não é, meu amigo?
Na torcida por você e pela sua liberdade!
Cindy Ferreira - viveReal
Comentários
Sim , esse sou eu seu amigo! O passarinho que caiu do ninho com a asa quebrada e que não consegue voar, mas que hoje aos 57 anos se dentre pronto e livre para ao menos sair da gaiola e aos poucos tentando bater as asas . E com a esperança de se refazer, se reinventar e se reconstruir saindo da gaiola de ouro cravejada de brilhantes . Livre e pronto para voar ! Bjsssss